sábado, 23 de janeiro de 2010

Análise do livro: "Vidas Secas" - Graciliano Ramos

Este livro foi tema do vestibular da UFRN desses últimos dois anos, por essa razão decidi estudar um pouco mais e fazer sua análise haja vista que desde muito tempo tenho admiração por esse romance pertencente a um gênero intermediário entre romance e livro de contos. Nele o narrador se faz sentir pelo discurso indireto construído em frases curtas, incisivas e quase sempre em períodos simples. Narrado em 3ª pessoa, possui treze capítulos até certo ponto autônomos, mas que se ligam pela repetição de alguns motivos e temas como a paisagem árida, a descrição do comportamento humano como de um animal e vice-versa, os pensamentos fragmentados das personagens e seu consequente problema de linguagem.
No capítulo 1, mudanças, fala da retirada de uma família fugindo da seca. Neste capítulo temos a descrição da terra árida e do sofrimento da família. No capítulo 2, Fabiano, mostra o homem embrutecido, mas capaz de analisar a si próprio e chega a conclusão de que não passa de um bicho. No capítulo 3, cadeia, Fabiano é preso sem motivo e desta vez não tem mais coragem de sonhar com um futuro melhor. No capítulo 4, Sinhá Vitória, personagem que melhor articula palavras e expressões e a que mais tem tempo para pensar. No capítulo 5, o menino mais novo, possui um ideal na vida que é identificar-se com o pai. No capítulo 6, o menino mais velho, tinha um vocabulário minguado, valia-se de exclamações e de gestos, seu ideal era ter um amigo. No capítulo 7, inverno, descrição de uma noite de inverno que inunda tudo, mas eles sabiam que em pouco tempo a seca tomaria conta de suas vidas outra vez. No capítulo 8, festa, é um dos mais melancólicos capítulos do livro, quando as personagens centrais da história, em contato com outras pessoas sentem-se mais humilhadas, mesquinhas e até mesmo ridículas. No capítulo 9, baleia, relata a morte da cachorra que era mais humanizada do que os próprios seres humanos. No capítulo 10, contas, ao sentir-se roubado pelo patrão, Fabiano sente revolta, descrença e resignação. No capítulo 11, o soldado amarelo, fisicamento é menos forte que Fabiano, moralmente é uma pessoa corrupta enquanto que Fabiano é honesto, contudo é por ele respeitado e temido por ocupar o lugar do governo. No capítulo 12, o mundo coberto de penas, a seca está de volta prenunciando miséria e sofrimento; Fabiano faz um resumo das desgraças que têm marcado sua vida, o seu problema é se livrar do sentimento de culpa por ter matado Baleia e fugir de novo. No último capítulo, fuga, continua a análise de Fabiano a respeito da vida e reflete junto a sua mulher que, pela primeira vez lhe transmite paz e esperança por algum tempo. E numa mistura de sonhos, descrenças e frustrações termina o livro.
Graciliano tenta transmitir uma visão amarga da vida dos retirantes: começa por uma fuga e acaba por outra. percebemos no romance a descrição de dois mundos: o de Fabiano e o composto pela sociedade; o que parece ser importante para o autor é denunciar a desigualdade entre os homens, a opressão social e a injustiça. Nesta obra está implícita a crítica social a toda pobreza do sertão nordestino, que atinge uma boa parcela da população e que acaba por prejudicar todo o país impedindo maiores desenvolvimentos. O título da obra já nos transmite a mensagem: "Vidas se opõem a Secas", pois a primeira tem sentido de abundância, enquanto, a segunda, de vazio, configurando uma oposição de ideias resultando em uma construção de sentido ilógico. Além disso, denotativamente o adjetivo "secas" se refere a "vidas", e , dessa forma teria o sentido de que a família sofre com a seca. Por outro lado, conotativamente, pode-se relacionar aquele adjetivo a uma vida privada, miserável.
É um livro que mostra um conhecimento profundo sobre a realidade do ser humano em uma determinada época e que ainda se mostra presente, embora distintamente, no Brasil contemporâneo, apesar dos avanços que hora já conseguimos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Análise do livro "O Encontro Consigo mesmo e com os Outros" Autora: Graças Macêdo

Este livro trata de experiências vividas pela autora e nos leva a refletir sobre as diversas questões de que discorre.
É composto de 22 tópicos assim definidos:
  • Ser pessoa com capacidades, sentimentos, projetos, livre, em busca da verdade na referência dos outros e, acima de tudo única com suas necessidades de relacionamento, transcendência, segurança, orientações, com seus valores e construções de suas próprias identidades.
  • O valor do encontro com as pessoas e consigo mesmo autodefinindo o próprio título.
  • Autoestima, através da qual podemos enfrentar desafios e defender interesses. É no seu decurso que nos identificamos com o eu interior e com as outras pessoas com as quais relacionamos.
  • Encontro com o Outro que é um dos passos no caminhar da consciência em busca do autoconhecimento, pois ninguém cresce sozinho.
  • Encontro com Deus que nos leva a uma transformação de vida proporcionando-nos uma experiência agradável e uma forte modificação interior.
  • Relacionamento familiar com a necessidade de cultivar a paz, porque é por meio dessa experiência que podemos perceber o fortalecimento do indivíduo, da comunidade e até da própria nação.
  • Encontro entre marido e mulher com a vivência dos 10 mandamentos do casal levando-nos a uma vida saudável e amorosa.
  • Encontro com pais e filhos na condição de conhecer, aceitar, respeitar, conceder, exigir, incentivar, compreender, libertar e ser amável uns com os outros. Acrescentam-se ainda as impressões sobre a maternidade.
  • Encontro professor e aluno com ênfase na motivação, no autoconceito; o como proceder: o valor do elogio e o respeito ao ritmo de aprendizagem. Isto é muito marcante quando se trata de um professor apaixonado pelo que faz.
  • Encontro entre namorados enfatizando a importância do diálogo, as fases do namoro e o sexo.
  • Vida afetiva: se estabelecermos relações construtivas, nos realizamos e construímos pontes entre os seres humanos.
  • Encontro com pessoas receptivas, seres humanos autênticos que nos ajudam a ser mais, é nesse momento que nos encontramos verdadeiramente.
  • Encontro com idosos, grande exemplo de vida e de experiências compartilhadas.
  • Encontro com pessoas portadoras de deficiência para acolhê-los e manter uma convivência harmoniosa, pois eles nos deixam experiências edificantes.
  • O Encontro com amigos: se quisermos tê-los, é necessário sermos.
  • Vale a pena sonhar? Os nossos sonhos são nossas razões de viver, portanto, não roubem os sonhos alheios. Incentivem as pessoas a lutarem por seus sonhos.
  • Encontro com a felicidade: não procure a felicidade nas coisas ou nos outros, pois ela está dentro de você, conheça-a.
  • Encontro com o presente: viva intensamente este momento, pois ele é tão importante que o próprio nome já diz tudo.
  • O poder da palavra, lembre-se que as palavras boas são flores perfumadas e as palavras ruins são pedras. Cada um deve ser responsável pelo que diz.
  • Encontro com o livro que é sinônimo de uma viagem ao mundo cultural e ao tempo, deve ser incentivada e projetada na sala de aula. No mundo de hoje necessitamos da leitura, portanto devemos nos aproximar mais deste divertido e apaixonante mundo intelectual.
  • Encontro com o amor: se quisermos viver num clima de verdadeiras sintonia com os outros, devemos cultivar o amor.
  • Encontro com o trabalho sabendo lidar com as diferenças, compreendendo a si mesmo, motivando, compreendendo os outros e sabendo ouvir. Quem gosta do que faz sempre procura dar o melhor de si, por isso está sempre motivado.

Ao final de cada tópico, há sempre uma reflexão através de poesias de autores diversos e histórias de vida que nos leva a compreender os vários encontros vividos na leitura do livro.

Para mim, é um livro marcante, pois além de conhecer o seu conteúdo revivi momentos de convivência com esta eterna professora que deixou marcas em cada aluno por sua dedicação especial ao magistério. Posso acrescentar: Um exemplo de vida!